Sinopse
A historiadora Natalie Zemon Davis pesquisou nos arquivos franceses um conjunto extraordinário de histórias de crimes: as cartas de perdão, instrumento jurídico através do qual os súditos pediam clemência ao rei pelo homicídio que haviam cometido. O estudo concentra-se no século XVI, mas a autora permite-nos perceber como a voz daqueles narradores distantes ressoa nas histórias de violência e perdão do presente. Homens e mulheres, camponeses e artesãos, comerciantes e advogados, notários, sargentos e outros oficiais da justiça, padres e estudantes, cavaleiros e senhores - gente dos mais diversos meios sociais podia recorrer às cartas de perdão. Uma das originalidades do livro é mostrar, justamente, que no campo jurídico as classes inferiores tinham mais escolhas do que a historiografia havia assinalado.Natalie Zemon Davis, ela mesma uma excelente narradora, qualifica as cartas de perdão como ficções. Ao analisá-las, busca as ligações entre história, literatura e direito e oferece uma contribuição valiosa ao debate sobre as relações entre o "real", o "ficcional" e o "histórico".