O PAPAGAIO E O MACACO OU A VENDA DO JÔ

O Papagaio e o Macaco é um conto de ficção que tenta demonstrar, com exagero, a inteligência e astúcia de dois animais. Um deles, o papagaio, é poliglota: além de seu idioma natural, fala a língua do país de origem, a dos surdos-mudos e conhece o alfabeto Braille. O outro, o macaco, não fala, mas entende tudo que o papagaio diz e transmite a este sua linguagem por meio de mímica labial que o papagaio traduz fluentemente. A história, em seu conteúdo, além de defender a vida e o meio ambiente, faz apologia ao amor, como veremos. A defesa do meio ambiente pode ser sentida quando aborda a maneira de extração do óleo de paurosa na floresta amazônica onde, para se conseguir uma única árvore dessa madeira, às vezes, faz-se necessário derrubar inúmeras outras para abertura de acesso à árvore pretendida. Também, na abordagem de plantas medicinais, mesmo sem mencionar, alerta para extração desordenada de tais plantas e outros produtos naturais, visto que tudo que havia no mundo podia ser encontrado na venda do Jô, de onde se deduz a possibilidade de alguns produtos serem comercializados ilegalmente. Quanto à defesa da vida, ela é expressada de várias maneiras, por exemplo: quando o macaco atira a primeira vez, usa o cano da arma carregado com tiro leve, apenas com o intuito de expulsar os intrusos do recinto, com o tiro à queima-roupa que não atinge gravemente ninguém, apenas chamusca. O segundo tiro, que seria fatal e poderia atingir várias pessoas, não foi disparado devido a falha da arma. Jô, o dono do estabelecimento que, segundo ele, teria matado a todos se estivesse presente, também, coincidentemente, estava ausente. Quanto ao amor, pode ser sentido pelo desvelo entre os animais e o proprietário que confia em suas crias pela dedicação e preocupação do mudo que, no meio da confusão, se preocupa em carregar o cego para tirá-lo do apuro, e pela demonstração de carinho entre os animais que chega a comover o dono do estabelecimento.