VENTO DO TEMPO

Em Vento do Tempo (selo Arte Paubrasil), Luís Henrique Borba narra a vida comum de três pessoas comuns: uma mãe e dois filhos que 'gastam' o tempo de que dispõem, alheios à ronda do tempo que sopra inexoravelmente os minutos de todos em direção ao destino comum e certo.O tempo a se esgotar é o de dona Imaculada, a mãe, cuja vida se escoa na monotonia cinza, ao lado dos filhos Álvaro e Nicola.Para falar do tempo de cada um, dentro do Tempo, Luís Henrique Borba trabalha o tempo da narrativa com a competência de quem escreve com seriedade.Toda a narrativa se passa enquanto a família, que mora em uma ilha, está à mesa para o que será o último jantar dos três juntos. Em torno da mesa redonda, mãe e filhos, cada qual em sua solidão, falam o mínimo necessário e se isolam irremediavelmente, como ilhas, que se banham de vez em quando na mesma água trazida pela maré, que se vai inevitavelmente, deixando atrás de si o isolamento eterno dos inseparáveis membros do arquipélago.A partir do momento do jantar, o narrador demiurgo se assenhora do tempo e, retrocedendo e avançando, domina-o para dizer o que a vida diz a cada passo: o caminho da morte.