LISBOA-CAMPINAS - OLHARES CRUZADOS

Através de sua lente sensível e nunca arbitrária, Kassab conta uma história de aproximações que nos diz, em cada imagem, o que há de comum entre a Baixa e o Centro campineiro, o Rossio e o Largo do Rosário, o Zoológico de Lisboa e o Bosque dos Jequitibás, a Rua Augusta e a Rua Barão de Jaguara, a Casa dos Bicos e o Palácio dos Azulejos, o Miradouro de São Pedro de Alcântara e o Parque Portugal, o Tejo e a Lagoa do Taquaral, a Feira da Ladra e o Mercado Municipal, a Praça dos Restauradores e o Jardim Carlos Gomes, a Sé de Lisboa e a Basílica do Carmo. Faltam-nos, claro, uma Torre de Belém e um Mosteiro dos Jerônimos, mas, em todo caso, não são os grandes acidentes históricos que fascinam o fotógrafo. É a linguagem do pequeno detalhe, a delicadeza de uma cornija, as sombras de uma arcada. O que ele deseja é abarcar, com seu amor, as duas cidades, estendendo um fio entre ambas e puxando-as de cada lado do Atlântico. Vai, talvez, nisto, alguma remota nostalgia moura, uma fina música que flui de sua ancestralidade árabe. Com tudo isso, Fernando Kassab construiu um livro magnífico, que campineiros e lisboetas – sem prejuízo dos leitores de outras latitudes – verão com vivo interesse, já que o assunto lhes concerne. Dialogando entre si e com os leitores, estas fotos falam muito mais do que mostram. E com a vantagem de que não envelhecerão nem serão aniquiladas pelo tempo. Ao contrário, quanto mais este passe, mais serão reavivadas pelo sopro de sua poesia.