A MANSÃO WILLINTOM

Londres, 12 de dezembro de 1965. Prezado leitor, É difícil para mim começar esta carta. Assumo que, ao escolher esta como sua leitura, imaginou que a beleza da literatura iluminaria seus dias e atenuaria a consciência de seu pobre cérebro sobre a existência da má sorte. Entretanto, se procura uma história em que a vida é retratada com flores, borboletas, arco-íris e unicórnios, receio que este não é o livro ideal para você. Conheço bem a minha espécie e acredito que, mesmo após receber este aviso, lerá as páginas amareladas deste calhamaço. Nada mais posso fazer, apenas peço para que abra seus olhos para a existência de uma mansão abandonada, localizada em uma ilha desconhecida próxima à Grécia que, apesar de não parecer grande coisa, tumultuou a vida de um escritor que vivia uma terrível época de bloqueio criativo. Portanto, se não quiser passar por tortuosos momentos de extremo medo, mantenha-se distante. Atenciosamente, Uma anônima boa alma que quer salvar a sua vida. P.S.: Jamais confie numa carta sem remetente.