Sinopse
A reação mais sensível à leitura destas "memórias polaroid" de doze ou quinze anos atrás é o assombro diante de detalhes do vivido que, caso não registrados, teriam sido há muito incorporado à massa amorfa e invasiva do esquecimento. E quanto mais remotos no passado, mais próximo da quase incexistência representada pelo esquecimento definitivo ao qual tendem, fazendo com que os restos conservados pelo registro sôem agora como matéria onírica onde ressoa silenciosa a questão (e seus desdobramentos): será que um dia isto realmente aconteceu? E aconteceu assim? E aconteceu a quem? se eu já não me reconheço naquele que então vivia este acontecer. E é sobretudo no insignificante e banal do vivido um dia ou uma semana antes do registro que pode brotar a percepção da irrealidade do já ter sido, do ser passado do passado.