Sinopse
A obra estuda o processo pelo qual as disciplinas científicas e os modelos institucionais que revolucionaram os fundamentos práticos e teóricos da medicina acadêmica européia, ao longo do século XIX, foram sendo apropriados e adaptados pelas elites médicas brasileiras, face às condições nacionais. Questiona dois argumentos encontrados na literatura recente sobre o desenvolvimento das práticas institucionais voltadas para a expansão e legitimação profissional dos médicos no Brasil. Um deles, aceita a ideia da existência de um vínculo funcional entre o projeto médico sanitário e a ordem social imposta pelo Estado Imperial. O outro se refere à postura revisionista e iconoclasta que muitos autores mantêm contra a literatura pioneira sobre a história da medicina brasileira, e que contraditoriamente estes próprios autores acabam reforçando, ao aceitar e reproduzir a demarcação positivista de periodização da história, como por exemplo, ao ver na criação do Instituto Oswaldo Cruz, o marco de ruptura com os valores e práticas anticientíficas da medicina do Império.