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NADA SERÁ COMO ANTES: CAPÍTULOS DE PSICANÁLISE E PSICOPATOLOGIAS LACANIANAS

Carla Derzi , Helio Miranda , Marcia Rosa
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Sinopse
Depois de nos pegar de surpresa, desprevenidos, o ano de dois mil e vinte, bem como aquele que se lhe seguiu, nos colocou diante de uma constatação: “nada será como antes!” Frente a ela, a resposta inicial aos muitos arranjos que se fizeram necessários não poderia ser senão de resistência: seguirmos em frente! Como o fizemos? “... abrimos na boca da noite, um gosto de sol!” através de cinco encontros internacionais nos quais pudemos nos servir do on-line para uma conversa com colegas e amigos de vários lugares, além de nosso belo horizonte. No que se segue, registramos o resultado desses Encontros intitulados “A biopolítica, o novo normal e as (des)humanidades”, nos quais pudemos conversar sobre temas de absoluta atualidade. Começamos por indagar o lugar de disciplinas inscritas sob a rubrica ‘Humanidades’ (Psicologia, Sociologia, Filosofia, Antropologia etc.) no contexto atual do neoliberalismo, uma vez que, consideradas sem fins lucrativos e progressistas, essas disciplinas se deparam com um futuro incerto em países aonde pautas conservadoras e de extrema-direita abrem caminho e lutam por se impor. Ao conversarmos sobre isso, pudemos verificar a crise generalizada do real sem lei, bem como colocar uma ressalva à alcunha criada em tempos de pandemia, “o novo normal”. Considerarmos bem mais provável uma “acentuação ainda maior da ausência de qualquer norma”, bem como “uma nova edição da anormalidade que já existia”. Para tais considerações, beneficiamo-nos das formulações de Fabián Fajnwaks, bem como do debate proposto por Antônio Teixeira e Hélio Cardoso Miranda. Aberta a questão do neoliberalismo, Véronique Voruz nos brindou com um belo e instigante ensaio sobre a bioeconomia, “motor neguentrópico do capitalismo contemporâneo da episteme informacional”, através da qual o vivo, tomando o lugar das energias fósseis, torna-se a fonte de energia que faz girar a máquina capitalista. Constatamos, com Voruz, que o “liberalismo produz Uns Sozinhos” e intervém no estatuto contemporâneo do corpo no contexto clínico, bem como político, através da acentuação de um fantasma de autonomia. Se a biopolítica se rege por uma máxima, “fazer viver e deixar morrer”, uma questão se segue: a quem fazer viver e a quem deixar morrer? Neste horizonte, o ódio e a segregação funcionam como parâmetros para essas escolhas. Anaëlle Lebovitz-Quenehen destacou como “o ódio sonha com um mundo sem diferenças”, com um mundo que nos protegesse “das intrusões do gozo do qual toda diferença torna-se eco”. Em um segundo tempo de conversa, a partir do célebre quadro de Goya, “O son(h)o da razão produz monstros”, Carolina Koretsky tratou, com Freud e Lacan, as questões do sonho e do despertar, tendo Carla Derzi como debatedora de afirmações tais como aquela feita por Lacan: a gente desperta para continuar sonhando. O tema mostrou sua atualidade também na medida em que trouxe ao horizonte da conversa uma pesquisa levada a efeito por Gilson Iannini e outros colegas sobre os sonhos no período de confinamento. Frente à acentuação da ausência de qualquer norma, interrogamos a queda dos ideais e os delírios de normalidade, retomando, de modo desdobrado, a afirmação lacaniana segundo a qual todo mundo delira. Nesse contexto, Marcelo Veras nos brindou com um testemunho bastante rico sobre a sua experiência como Diretor de um Hospital Psiquiátrico, evidenciando a riqueza que pode habitar a parceria psiquiatria-psicanálise. Francisco Paes Barreto e Carlos Luchina animaram o debate abrindo questões bastante atuais e oportunas sobre o lugar das pílulas no horizonte contemporâneo. Com o confinamento e a pandemia, as famílias se viram às voltas com uma convivência, mais próxima e cotidiana do que jamais haviam tido. Presentes em um horizonte neoliberal, cuja hidra tão bem nos mostrou Juliana Meirelles Motta, essas novas experiências trouxeram novas questões e novas contribuições clínicas, tais como as que nos comunicaram Suzana Faleiro, ao tematizar “A criança sem o Outro”, e Alice Rezende, em “Sobre o fazer dormir as criancinhas no novo normal”. Tema de absoluta atualidade, Carla Capanema se ocupou do autismo, desdobrando a questão do saber-fazer com o real da voz no autismo. Como ensinar o que não se ensina? Frente à pergunta de Lacan, orientadora de nosso quinto encontro, Flávio Durães evidenciou o debate presente no horizonte do qual extraímos a questão de Lacan. Diante disso, Cristina Moreira Marcos examinou a possibilidade de um ensino não-todo; Ilka Franco Ferrari abordou o sofrimento dos jovens na universidade; enquanto Fabián Fajnwaks abriu uma interessante discussão sobre os paradoxos. Márcia Rosa, por sua vez, resgatou a afirmação lacaniana de que “ao se encontrar com seu impossível, o ensino se renova”. Percorridos os cinco encontros, o dito de Picasso, “Eu não procuro, acho”, nos levou aos achados que os vários pesquisadores do LABTRANSUFMG – “Laboratório de Família, parentalidade e parcerias sintomáticas” – têm encontrado. Com isso, Virgínia Souto Maior e Luciano Pachêco nos brindaram com suas pesquisas sobre as famílias entre o Direito e o mais-de-gozar, bem como sobre a parentalidade homoafetiva, respectivamente. Isabela Farah abriu a discussão sobre a escritura e o incesto com Christine Angot, e Israel Tainan abordou sobre os direitos ao gozo a partir do corpo familiar e seus dejetos. As loucuras femininas de Aimée; a fraternidade e segregação em Antígona e a devastação materna no caso da Jovem Homossexual apresentada por Freud nos levaram às comunicações de Andréa Eulálio, Thaís Limp e Erika Vidal de Faria, respectivamente. Diz a lenda que a expressão “na boca da noite” surgiu da tradição indígena de abrir uma roda de conversa ao final de cada dia para as narrativas e o compartilhamento dos acontecimentos do dia. Tendo isso no horizonte, estamos convidando você, leitor, a fazer parte dessas nossas rodas de conversa. Com a pandemia e o on-line, as esquinas de Minas tornaram-se ainda mais amplas. Nesses longos dias de confinamento ressoou nas montanhas de Minas a bela letra de Beto Guedes e Milton Nascimento em Clube da Esquina: Eu já estou com os pés na estrada Qualquer dia a gente se vê Sei que nada será como antes, amanhã Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão de você? Alvoroço em meu coração amanhã ou depois de amanhã Resistindo na boca da noite um gosto de sol!” Márcia Rosa Coordenadora do LABTRANSUFMG Belo Horizonte, 2020-2021

Categoria
Editora Livraria e Editora Scriptum
ISBN-13 9786588915110
ISBN 658891511X
Edição 1 / 2021
Idioma Português
Páginas 344
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