ENCONTRO EM IPANEMA

O conto, gênero mais complexo da ficção literária, encontra em Diana Guenzburger legítima (e original) representante do que de mais significativo, e relevante, se elabora, no gênero, em nossa Literatura contemporânea. E as delicadas, e não menos complexas, virtudes da adequação e da verossimilhança transitam em plenitude de competência ao longo das narrativas da autora. Os enredos que Diana desenvolve revelam, desde logo, a presença iterativa ou, até, recorrente do fator expectativa, fundamental no roteiro da Nova Crítica, não fosse a autora notável especialista em Literatura do(s) mistério(s) e do suspense. Outro fator fundamental a vir à tona nestes Encontros é o ritmo da narrativa, enquanto a autora domina e exorbita específicos atributos diante da arte (sim) da pontuação ficcional. Os períodos telegráficos, sincopados, harmonizando-se com os períodos longos, mais descritivos e ou “a serviço” do Impressionismo enquanto técnica de escrita. E, afinal, a justa conjugação Tempo da narrativa e ação de personagens, aqui solucionada com precisão e por ficcionista extremamente talentosa. O conto A empregadinha e a heroína Marinalva entram para a galeria de Gaetaninho (Antônio de Alcântara Machado), Vestida de preto (Mario de Andrade) e Conto de escola (Machado de Assis). Realismo crítico exultante. A Literatura brasileira também. Ivan C. Proença é professor Mestre e Doutor em Literatura. Ensaísta.