TIPOS DE RUA E ALGUNS RECADOS

Desde aço e osso (1992) passando por cordas de amarrar tempo (1997), até recados, a poesia de Adele Weber começa por um acompanhamento integral da passagem do tempo, afirmando a finitude como elemento incisivo da nossa existência que, efêmera, celebra a pura imanência oscilante e perigosa da própria vida. A qualquer momento, a nossa revelia, tudo se desmancha. Da latência, essa estreita do revés pode se revelar inesperadamente em qualquer detalhe que as palavras consigam mais do que flagrar, criar. Porque sabemos que, do jogo da realidade, a poesia, recusando-se ser rebocada pelos fatos, deseja e consegue estar à frente deles, gerando-os ou nos dando a consistência de uma surpresa que, sem ela, jamais seria percebida.