Sinopse
Ambientado no sul dos Estados Unidos no início do século XX, 1.280 almas (Pop. 1280) foi escrito por Jim Thompson em 1964 e retrata uma sociedade atrasada material e moralmente. Thompson macula a aura de paz-e-tranqüilidade das pequenas comunidades em seus relatos sobre racismo, autoridades corruptas e hipocrisia. Aclamado pelo público como um de seus melhores trabalhos, 1.280 almas é considerado uma das grandes obras do gênero pulp. Apesar do conteúdo sombrio, é um livro engraçado. O contraponto à negatividade é estabelecido pelo protagonista-narrador da trama, Nick Corey, xerife do condado de Potts. Um sujeito preguiçoso, comilão, desrespeitado por toda a comunidade - mesmo sendo a autoridade máxima - que vai ao longo da história se transformando até encarnar perfeitamente a expressão "lobo em pele de cordeiro". Para os fãs de ficção-noir e humor-negro, 1.280 almas é um banquete: assassinato, traição, corrupção, flashbacks e reviravoltas em um texto repleto de ironias, comentários ácidos, diálogos hilários e toques de nonsense. A trama inspirou o filme A lei de quem tem o poder (Coup de torchon - França, 1981), dirigido por Bertrand Tavernier, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Outras histórias de Thompson também resultaram em filmes, como Os imorais (The Grifters, 1990) e Os pervertidos (The world, then the fireworks, 1997). O escritor foi co-roteirista de dois filmes de Stanley Kubrick: O grande golpe (1956) e Glória feita de sangue (1957), além de ter escrito roteiros para outros filmes, séries de TV e artigos para jornais. James Mayer Thompson (Oklahoma, 1906-1977), um dos grandes escritores pulp, utilizou fatos de sua própria vida como fonte criativa. Seu pai foi realmente um xerife, acusado de irregularidades financeiras em sua gestão, e Jim, aos 19 anos, usando seus contatos no submundo texano, fornecia maconha, cocaína e heroína para hóspedes do hotel em que trabalhava, além de garrafas de uísque em plena lei seca. Não é surpresa que histórias sobre uma sociedade degenerada sejam sua especialidade. Bem-vindo ao enroscado universo de Jim Thompson, no qual a traição é tão comum quanto um aperto de mão e o assassinato é só uma forma enfática de dizer adeus.