Sinopse
Em um dos seus livros, 'A arte de reduzir as cabeças - Sobre a nova servidão na sociedade ultraliberal', Dany-Robert Dufour constatava o declínio de duas formações subjetivas que estiveram na base da modernidade - o sujeito do dever, teorizado por Kant, e o sujeito do conflito, trazido por Freud. Neste novo trabalho, o autor aproxima o liberalismo à pornografia, a partir de um traço comum a ambos - o excesso. Sobre os túmulos dos sujeitos Kantiano e Freudiano, poder-se-ia dizer, ergue-se um novo sujeito que, tão parodoxal quanto o título do livro, 'A cidade perversa', erige o excesso em regra de vida. Este é o sujeito sadeano, cujo mundo é identificado por Dufour, logo nas primeiras linhas, com o supereu lacaiano - 'um universo no qual os indivíduos obedecem, antes de mais nada, a este mandamento supremo - Goze!' Isso ocorre sob a inspiração do que Dofour entende como um novo contrato social, que já não se dá entre burguês e proletariado produtor, mas entre o 'hiperburguês', que expõe ao mundo o seu gozo excessivo, portanto obsceno, e o consumidor proletariado, a quem é pedido que consuma até onde puder.