Sinopse
As memórias de opulência deixadas na cidade de Belém pelo ciclo econômico do látex, igualmente, uma memória social, compartilhada e reverberada pelas gerações seguintes, de crise e decadência, de derrota e fracasso. Os belenenses romantizam o ciclo do látex, transformando-o em Era da borracha, palavra de ordem de uma memória dolorosa e padrão narrativo da melancolia coletiva que só começou a se desfazer com a integração da cidade e da Amazônia à sociedade brasileira, a partir do final dos anos 1960.Este livro descreve essa memória coletiva. Procura dialogar com o mito mais do que evidenciá-lo. Procura construir uma sociologia fenomenológica muito próxima à história cultural e, também - por que não? - à literatura. O trabalho, originalmente uma dissertação de mestrado, foi orientado pelo professor Benedito Nunes defendido em 1995. Essa é sua primeira versão impressa. Sua edição precede o centenário daqueles dias de crise, em 1912, antecipada pelos sismos econômicos e sociais de 1905 e 1910. Dias que congelaram a história de Belém. Dias sem heroísmo. Sua memória perdura, cem anos depois, ainda que, nem sempre, tal como se sabe a memória, tal como se entende o que seja memória. Melancolia sebastiana, frouxa e inexata, plena dessa insensatez das cidades que morreram prematuramente e que, não obstante, continuam.