Sinopse
A historiografia consagrada a Sergipe Colonial é completamente omissa quanto àpresença do Santo Oficio na Capitania conquistada por Cristóvão de Barros. FelisbelloFreyre, autor da principal História de Sergipe (1891), Ivo do Prado n'A Capitania deSergipe e suas Ouvidorias (1919), e Felte Bezerra, o estudioso das Etnias Sergipanas(1950), sequer indagam : teria o Santo Tribunal extendido seus tentáculos a este pequenotorrão nordestino?Nossas pesquisas comprovam que sim, e embora muitíssimo menos vasculhado eatormentado que as grandes capitanias vizinhas da Bahia e Pernambuco, também emSergipe o Santo Oficio devas sou, perseguiu, prendeu, seqüestrou, degredou, torturou maisde uma dezena de seus moradores, tendo levado à morte ao menos um sergipano: JoséFernandes, morador na Vila de Santa Luzia, no ano do Senhor de 1762.Iniciaremos esse trabalho arrolando as referências a Sergipe constantes nas primeirasvisitações do Santo Oficio às partes do Brasil, passando em seguida à descrição e análise dadocumentação inédita por nós coletada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Lisboa a saber, sumários, denúncias, processos e confissões - envolvendo pessoas residentesnesta Capitania. Incluímos também aqui uma análise da atuação de dois Familiares e umComissário do Santo Oficio residentes em Sergipe : eram tais funcionários as pontas delança e espiões credenciados pelo terrível tribunal, cujo lema Justitia et Misericordiaestava tão distante de sua práxis, que mais sugere mórbido humor do que ideal evangélico.