Sinopse
Na solidão implacável do pampa (lugar mítico, tempo vestido de espaço), Clóvis da Rolt dessangrou esse conjunto esse conjunto de poemas, fruto da experiência limite que subjaz ao encontro do homem com o deserto verde do campo, com a linha reta que tremeluz no horizonte (e que pode ser metáfora para o tempo) e com o céu que nasce de franja superior dessa linha e que evolui em formato concêntrico na direção do cosmo (também implacável). Clóvis, de antemão, descarta a estética de tradição reducionista que insiste na ideia do pampa como cenário antropomortizado de supostas conquistas guerreiras ou de batalhas heróicas. Não. Aqui é o homem nu e descalço, urbano e precário que caminha, sobre rosetas e espinhos e pasto. Aqui, no céu, cintilam evanescentes os signos em rotação, e é onde o equivoco, o mancar e o inesperado fazem participar sua surpresa. Se há um eco romântico longínquo ( onde mesmo nao o há?) em "A orientação das serpentes", ele se filia àquele graveto de ironia que, mesmo sabendo que não há possibilidade de retorno à uma hipotética unidade original entre homem e mundo, faz doer a beleza, essa que para Clóvis, é "a antítese do argumento".