ANA-NÃO

Sentindo a morte se aproximar, Ana Paúcha, que o destino transformou em Ana-Não, resolve cruzar a Espanha da Andaluzia ao País Basco, a pé, para encontrar seu único .lho vivo, preso desde a Guerra Civil Espanhola, a mesma guerra que levou seu marido e seus dois outros filhos e a fez fechar-se no seu mundo, negando a tudo e a todos. Até mesmo a Deus. Sem se despedir, Ana sai da aldeia de pescadores onde vive e, aos poucos, vai conhecendo uma Espanha que jamais pensava existir, encontrando os vícios e contrariedades de uma época em que o franquismo a.rmava sua onipotência. Nesse ambiente ao mesmo tempo irônico e surpreendente, ela vê a presença constante da morte, que lhe passa recados dúbios sobre a certeza de concluir sua jornada e encontrar o filho. Se as lições aprendidas ao longo do caminho tem para ela uma utilidade discutível, são os encontros com as pessoas, sobretudo as mulheres, que lhe permitirão relacionar-se com o mundo. É nessa epopéia, em que se mostra por inteiro, que Ana revela sua singela grandeza, tornando-se uma das mais belas personagens femininas da literatura de todos os tempos.