Sinopse
Depois de ter mostrado, em Do xamã ao Prêmio Nobel, todos são filhos de Deus, que a ciência se originou no seio das grandes tradições espirituais, José Tadeu Arantes trata neste livro de seu posterior desenvolvimento. Curiosamente, diz ele, não foram os filósofos materialistas do século XVIII, mas o teólogo franciscano Guilherme de Occam (1285-1349) que promoveu o divórcio entre a espiritualidade e a filosofia - e, em decorrência, entre a espiritualidade e a ciência. Por isso, Occam foi saudado por alguns como o fundador da ciência moderna. A história demonstrou, porém, que seu sistema filosófico, o nominalismo, conduziu ao ceticismo estéril e não à renovação do pensamento científico. Com sua ênfase na experimentação como principal via de acesso ao conhecimento, o verdadeiro precursor da ciência moderna foi um místico e estudioso da alquimia, o também franciscano e inglês Roger Bacon (1214 ou 1220-1292). Buscando no estudo do mundo material um caminho de evolução espiritual, Bacon anteviu, dois séculos antes de Leonardo da Vinci, a futura criação do barco a vapor, do submarino, do automóvel, do avião e do helicóptero. Com outro inglês, Isaac Newton (1642-1727), a ciência moderna alcançou sua plena maturidade. Ele também praticou a alquimia e construiu uma teologia herética, como se descobriria muito tempo depois de sua morte. Tais interesses não constituíram uma simples e dispersiva excentricidade. Ao contrário, influenciaram profundamente sua prática científica. As pesquisas históricas mais recentes demonstram que, sem a alquimia, não existiria a física newtoniana. Esses fascinantes personagens e suas obras são os pontos fortes de Bacon e Newton: em busca da Alma do Mundo.