Sinopse
Teólogo consagrado, dom Enrico Chiavacci sempre se recusou a responder diante da mídia ou de um público diferenciado mais amplo às delicadas questões que se põem hoje em torno da vida: desde a engenharia dos embriões, as técnicas de fecundação assistida, o transplante de órgãos, o aborto, o controle de natalidade, a procriação responsável, a eutanásia, enfim, a todas as questões que hoje se colocam em torno da vida humana e que se reúnem numa disciplina ampla e polimorfa a que se dá o nome de bioética. As razões de sua recusa, como explica, são as dificuldades de se fazer compreender, em respostas breves e informações superficiais, a posição exata e diferenciada da moral, sustentada às vezes de maneira meio incompreensível pelo ensinamento corrente da Igreja. Todavia, o cristão responsável, sobretudo quando professor de ética, não pode pura e simplesmente se omitir, diante desses graves problemas que a vida prática e a ciência colocam hoje ao moralista. Decidiu, então, escrever uma série de artigos, na revista Rocca, que foram reunidos nessas Breves lições de bioética. O que caracteriza a obra é a importância que se dá aos fundamentos antropológicos dos princípios morais que regem toda a matéria: as noções de natureza e vida, que a tradição científica da modernidade entende de maneira totalmente diversa do contexto cultural em que se elaborou a ética cristã. Antes de tudo, portanto, trata-se de saber de que natureza se fala, sem desconhecer que o papel do ser humano é justamente levar a criação à sua perfeição e, ao mesmo tempo, ter presente que a vida biológica não é um absoluto, para criaturas espirituais como o ser humano, cuja vocação definitiva se situa além da história. Nas novas perspectivas que se abrem a essa profunda compreensão do ser humano no contexto da criação e da história é possível ao moralista cristão se posicionar de maneira compreensível e aberta diante dos grandes problemas que confundem uma humanidade que se pensa cada vez mais em termos de salvaguardar seu-bem estar e felicidade nos limites estreitos da vida presente. A leitura de Chiavacci se impõe a todo cristão que queira verdadeiramente dar razões de sua fé.