DA GAVETA (RASCUNHO)
Laura Zacura
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Sinopse
O livro Da Gaveta, de Laura Zacura, não foi tirado de uma cômoda marrom cheirando a mofo, mas de uma gaveta rosa abarrotada de calcinhas. Isso porque a escrita da autora é marcada pela epiderme, da relação do corpo com o mundo, mostrando toda profundidade que esse contato provoca e desperta em nossa intimidade. É sobre a relação amorosa com o outro, essa relação próxima e distante do nosso eu com o que não somos, que os poemas atravessam e não meramente o amor e seus dissentimentos e compressões de gênero afetivo. Na escrita, ouvimos o diálogo com as grandes escritoras e artistas, como Ana Cristina César, Louise Bourgeois e Hilda Hilst, esta última com quem Zacura conviveu na época de seus estudos, em Campinas. Assim, como esses grandes ícones da literatura feminina, a autora se mostra uma voz fundamental ao despertar o grito criativo da liberdade absoluta em uma sociedade ainda perdida no tratamento de temas como a relação entre os sexos e a sexualidade. Manoel de Barros diz que poesia é pensar por imagens. Neste livro, as imagens se confundem com a imaginação que temos do Big Bang, da grande criação, da colisão para o nascimento do novo, da perda para que o imprevisível desperte como promessa de bonança. A destruição existe unicamente para o nascimento do novo e não como forma perversa de aniquilamento. A temática de Zacura é o mistério da paixão, a escrita que necessita dessa pulsão sexual para se inscrever fora da vida, o olhar de uma criança que se reinventa por meio das novas descobertas. Sua grande paixão é distorcer o tempo. Como no amor, essa relação que provoca um tempo sem controle ou medida. É preciso estar de peito aberto e coração tranquilo. Em uma rede, sofá, uma cadeira ou banco para recostar, ou um assento silencioso de viagem, e entrar sem afobação na gaveta íntima de todos nós.Lucas Arantes