DEPOIS DAS MURALHAS E GRADES

Sabe-se que as prisões em nosso país são constituídas em sua grande maioria de pessoas provenientes da camadas mais pobres da sociedade, excluídos, portanto, antes mesmo da sua entrada na prisão. Mais excluído ainda quando retornam e tentam se reintegrar nesta mesma sociedade. Neste livro tento compreender esse personagem invisível, que, muitas vezes convive tão próximo de nós, marcado, no entanto, pelo preconceito, pelo estigma e pelo sentimento de humilhação que sofrem no seu cotidiano. São pessoas que passaram por essa máquina de transformar as pessoas, conforme a denominação usada por Michel Foucault, marcado por feridas profundas não só nos seus corpos, mas na sua subjetividade, pois o ex-preso, tanto o que cumpriu sua pena, como aquele que está na semi-liberdade, sobrevive sob o manto da morte, o que significa não só a frequente ameaça do aniquilamento de seus corpos, mas, também, uma morte simbólica que o torna diante de si e dos outros um ser vergonhoso pelo simples fato de existir.