Sinopse
Abnegada. Talvez essa seja a melhor palavra do mundo para descrever o que minha mãe é. No dicionário, a descrição é clara: que renuncia aos seus desejos em função de uma outra pessoa. Vivi uma vida invejável, construída por uma mulher que se impedia de comprar um batom para me dar a mochila de rodinhas do homem-aranha. A mesma mulher que largou o vício do cigarro que era a única coisa que ainda a matinha como sua velha versão, apenas porque eu chorei por sua futura morte. Ela não era cruel, não era má, não era articulada, não era generosa. Ela era abnegada de si própria pelo meu bem. Pela minha felicidade. Percorreria o mundo inteiro para me encontrar e, se preciso, enfrentaria o seu medo de oceanos e nadaria pelos cantos para me buscar. Ela deixaria o emprego de lado se soubesse que isso estava nos afastando e que então não teria mais filho para cuidar. Ela faria de tudo, até mesmo desafiar o mais forte dos homens, para mostrar que eu era sua prioridade.