Sinopse
Bendito o que semeia livros.Ao dar voz e revelar as angustias e expectativas de cidadãos que pagam um preço alto pelos seus desvios, Maria Auxiliadora da Silva Rocha nos remete a um universo sombrio e marginal e ao mesmo tempo de fé no futuro. São histórias de vida, de erros, de abandono, mas sobretudo de esperanças renovadas. Os relatos de internos de diferentes classes sociais do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Contagem nos levam a uma reflexão mais aprofundada sobre o tão caótico sistema prisional.As histórias da grande maioria desses internos nos levam ainda a meditar sobre os laços de família. Muitos dos personagens que narram suas histórias neste livro, perderam tudo na vida ao sucumbir À tentação das drogas (principalmente o crack)e do crime. Renegados por opção, ironia do destino ou indução, eles encontraram atrás das grades uma nova familia, uma forma- mesmo que sem opção de escolha- de refletir sobre os nossos erros cometidos.inaugurado a cerca de quatro anos, visando o esvaziamento de carceragem de delegacias e com a promessa de garantir tratamento "digno, humano e propício aso procedimentos de ressocialização", aquela unidade prisional abriga hoje, como podemos observar nos relatos aqui registrados, pessoas com disposição para retomar a vida, dispostas a se reintegrar de fato, a sociedade, a dar a volta por cima, a despeito de ausências de politicas publicas eficazes de reinserção.Essa ânsia de recomeçar a vida encontra forças nos projetos sociais que, mesmo sem os recursos necessários, alcançam seu intento por meio de um dos mais importantes instrumentos: a criatividade de voluntários dedicados, munidos de compaixão, que se dedicam a elevar a autoestima desses desassossegados . práticas louváveis.Trata-se de uma iniciativa que merece ser multiplicada em outras unidades prisionais do estado e também do pais. Dessa forma, a harmonia e união entre aqueles que vivem em proximidade ou que lutam pela mesma causa serão fortalecidas. E o verdadeiro sentido da fraternidade e da solidariedade saltarão aos olhos até mesmo dos mais céticos.A comissão de direitos humanos que presido na Assembleia legislativa de Minas Gerais acompanha com muito interesse e aplaude com entusiasmo experiencias como esta,pois é mais barato, além, de traduzir os preceitos mais humanos cristãos, apostar na recuperação dos internos do sistema carcerário. este trabalho de dar voz ao interno por meio da literatura tem produzido resultados consequentes e promissores, por isto deve ser acolhido com todo apoio pela sociedade. Nosso apoio a Maria Auxiliadora da Silva Rocha e a Silvio Cerceau, da editora literato. Como disse Castro Alves, "Bendito os que semeiam livros....livros a mão cheia...E manda o povo pensar!"Durval Ângelo Andrade