ESTRADA DE FERRO DO CORCOVADO

Em 1910, o Rio de Janeiro vivia um frisson por conta de novidades que se espalhavam pela cidade, anunciando tempos modernos: o Cinema Íris, o Cais do Porto e o prédio neoclássico da Biblioteca Nacional foram inaugurados, e reabriu-se ao público uma renovada e iluminada Quinta da Boa Vista. Sem uma cerimônia formal, mas no mesmo espírito de uma nova era, o trenzinho do Corcovado, então a vapor, foi sendo substituído ao longo daquele ano alvissareiro por composições elétricas, no que se tornou a primeira estrada de ferro eletrificada do Brasil – um feito que possibilitou a transformação do morro em formato de corcova em um dos mais importantes símbolos do Rio. Estrada de Ferro do Corcovado – 100 Anos de Eletrificação, um lançamento da Memória da Eletricidade, conta com riqueza de detalhes, numa cuidadosa pesquisa histórica, ancorada por 83 imagens e fotos de época, como o Corcovado trilhou o caminho de patrimônio turístico brasileiro e o papel da eletricidade na relação, por vezes conturbada, do morro, do trenzinho e da famosa estátua do Cristo Redentor com a cidade.O livro abrange desde a abertura da primeira trilha até o alto do morro, em 1824, por uma expedição comandada pelo próprio Imperador D. Pedro I, até a abertura da estrada de ferro; sua eletrificação, a cargo da Light; e a epopeia da construção do Cristo no alto do Corcovado. As dificuldades econômicas do empreendimento, os períodos de abandono e descaso, as obras de restauração, a privatização do trenzinho nos anos 80 e a consolidação do complexo turístico como uma marca registrada carioca são narradas dentro de uma visão integrada sobre as transformações urbanas vividas pelo Rio durante o período.