Sinopse
A teologia no Brasil está a abrir cada vez mais os braços. Já faz tempo que deixou de ser reflexo, para tornar-se fonte inspiradora. Lá foram os tempos em que ela reproduzia a teologia europeia quase mecanicamente, tanto nos idos da neoescolástica quanto nos primeiros sopros da modernidade pós-conciliar. Encontrou-se, nos primeiros anos de originalidade, com os pobres imersos em situações de dominação e opressão, lançando-lhes o grito de libertação desde a fé cristã. Assim surgiu e cresceu a teologia da libertação que marcou definitivamente o nascimento das teologias latino-americanas. As mulheres vieram e trouxeram a originalidade de sua presença e pensar. Assim vicejou e ainda atua entre nós excelente grupo de teólogas a enriquecer a compreensão da Revelação com o olhar feminino. As etnias negra e indígena enriqueceram-nos também o cenário teológico. Do lado hispano, a tradição indígena fecundou bons teólogos. No Brasil, a teologia negra resgatou a dívida religiosa em relação à fértil tradição africana.No momento, duas áreas do pensar nos ocupam principalmente, sem deixar as perspectivas já conquistadas do pobre, da mulher, das etnias: a ecologia e o diálogo com as religiões. Nesse segundo campo, Faustino Teixeira tem-se especializado e se tornou referência imprescindível, além de estudos alentados e profundos sobre a mística das diferentes religiões. Ele relança com essa presente publicação, em nova, revista e aumentada edição, suas reflexões sobre a Teologia das Religiões.O quadro traçado por Teixeira oferece-nos excelente visão da problemática da teologia das religiões e nos adestra para a teologia e a prática do diálogo intercultural e inter-religioso. Faz parte do livro também reflexão sobre a teologia e o pluralismo religioso na Ásia e na América Latina. Termina e fecha as considerações teológicas a constatação do irrevocável desafio do pluralismo religioso.Já não vivemos tempos de Cristandade. As religiões, enquanto instituição, sofrem enorme desgaste. Nenhuma conseguirá encontrar sozinha caminhos para falar às pessoas da pós-modernidade. O diálogo traz substancial contribuição para o impasse presente. Importa perceber no momento cultural atual a tensão entre religião e religiosidade. E em face de ambas, o leitor cristão se questiona sobre o papel de sua fé como momento crítico dialético. Ela leva luz às religiões e às expressões religiosas, mas também recebe delas impulsos para purificar-se e aprofundar-se. Que o leitor aproveite desse belo livro para adentrar-se no horizonte sedutor do diálogo inter-religioso!João Batista Libanio SJ