INSEPULTOS

Danilo era engenheiro civil, tinha como esporte a pesca submarina. Naquele fatídico dia,estava no fundo do mar, caçando peixe, para o churrasco da festa de confraternização do fim de ano, com os amigos de infância. Quando emergiu, encontrou no barco, o parceirode pesca, morto. Andou por toda a cidade do Salvador, todosestavam mortos. Não sabia se foi um castigo do céu ou uma perversidade do homem. Com o passar dos dias, constatou que toda a população do Brasil estava dizimada; nada sabia dos outros países. Enquanto sepultava os seus amigos e as mulheres que amou e foi amado, nãosaia do seu pensamento a esposa Adalgisa, os dois filhos e a mãe, que estavamem viagem de férias nos Estados Unidos. Relembrou da sua infânciajuventude, no belíssimo Alto da Sereia, bairro do Rio Vermelho, onde nasceu ese criou; da época que abandonou a faculdade para se tornar um andarilho nas estradas da Bahia, Sergipe, Alagoas, até a Paraíba; dos seus sofrimentos,suas amarguras, dos seus amigos de estrada, da tragédia e da saudade dos pais eda amada namorada que ficaram para trás.Sua solidão acabou quando encontrou uma sobrevivente, Elisa, mulherrara beleza, tez negra, que profetizava a religião do candomblé. Ele brandcatólico, moraram juntos no sitio dela e se amaram bastante.