Sinopse
A relação entre filosofia e mística está longe de ser impossível. Neste livro, encontramos alguns artigos - a maioria fruto do colóquio Filosofia da Religião realizado na PUC Rio em 2007 - em que os autores procuravam mostrar pontos de convergência entre as duas.
A relação entre mística e filosofia no ocidente sempre foi bastante conturbada. Se por um lado, a primeira busca o silêncio além de qualquer racionalidade, realizando-se em uma experiência estritamente pessoal, por outro, a segunda sempre quis ser a rainha do logos, da fala e da razão, apresentando juízos universais. O místico procura na união com o divino, superar a dicotomia entre buscador e buscado. Na medida em que o conhecimento remete a uma divisão entre sujeito e objeto, ele vivencia o sagrado de uma forma que não pode ser quaificada estritamente como conhecimento.
Assim, se tomarmos a filosofia em acepção clássica como a tentativa tanto de conhecer o real, como de expressar racionalmente tal conhecimento, a mística se mostra sempre na busca de superar a filosofia, tanto em sua atividade principal quanto em sua expressão. Ela se abre, portanto, a outras formas de linguagem - como a poesia e a mitologia - e, na tentativa de expressar sua experiência de união com o sagrado, coloca de modo especial o problema do estatudo da linguagem. É nesse sentido que os estudos sobre mística ensejam uma reflexão profundamente contemporânea sobre os limites da forma tradicional de se fazer filosofia.