Sinopse
Em entrevista ao blog Outros300, o autor, Luís Eustáquio Soares se refere ao romance como desevangelho. Segundo ele, ser segundo Satanás remete ao demos, aos povos e às vozes que de seu seio ressoam. Vozes polifônicas do dissenso de um Evangelho do povo que, por ser a arte como potência do falso seria capaz de destronar as naturalizações. É no incessante devir movimento constante de tornar-se outro - que a personagem principal, os cabelos de Joana, desvirtuam, desalinham(-se) e não cessam de se apresentar como linhas de fuga de uma narrativa-rizoma, sendo ora lisos, ora crespos, ora para dentro, ora para fora, descontroladamente rompendo com a estrutura naturalizada da prosa direta, apresentando-se como estética fragmentária no estilo e na forma. O romance também produz rupturas com concepções tradicionais de forma/conteúdo, espaço/tempo, na medida em que agrega e desagrega personagens dotadas de elementos irreais e inverossímeis e, ao mesmo tempo, historicizáveis e verossímeis . Como afirma o autor, O romance O Evangelho segundo Satanás é livro que tenta ou atenta encapetar as naturalizadas evangelizações literárias, históricas, biográficas, epistemológicas, políticas que pesam milenarmente nas costas de todos os artifícios desdivinizados.