Sinopse
    
      é um desses raros livros que já chegam às livrarias  com o status de um clássico. E há  muitas razões para toda essa expectativa em torno da autobiografia de  Nikolai Bukharin, escrita como um  romance de formação durante os últimos quatro meses de vida de um  dos maiores expoentes da Revolução  Russa, juntamente com Lenin, Trotski  e Stalin.  A primeira das razões diz respeito  ao modo como foram produzidos os  seus manuscritos, que, como Bukharin registrou em uma das cartas que  escreveu do cárcere para Stalin, "foram literalmente arrancados do coração". Nessa mesma carta, implorava para que ao menos a sua obra fosse poupada. " Tenha pena! Não de  mim, mas do trabalho!´ Não foi à toa  que o antigo "garoto de ouro da revolução" lutou contra a exaustão das  longas sessões de interrogatório a  que foi submetido durante o período  que passou na prisão de Lubyanka,  escrevendo ao correr da pena e sem  nenhuma revisão. O romance do cárcere seria o testamento político de  um homem movido pela paixão, capaz de dar a própria vida para ver  seus ideais realizados.  Bukharin foi executado antes de  concluir a história do alter ego Kolya  Petrov, ao longo da qual pintou um  dramático painel de sua vivência na  Rússia czarista até 1905, dentro dele,  o sensível retrato de um revolucionário quando jovem. Vale lembrar  que o autor visitou esse período da  história e de sua vida como uma metáfora da Era do Terror em que seu  país mergulhara e da qual foi a sua  vítima mais famosa. Sabia que essa  seria a única chance que o livro teria  de não ser incinerado pelos rigorosos  censores do Partido Comunista.  Apesar das metáforas,  teve o mesmo destino que  os outros três livros que Bukharin  escreveu em sua temporada no inferno -os arquivos secretos de Stalin,  onde foram mantidos por longos 54  anos. Mas o criador e a criatura,  amalgamados com a liga das obras-primas e acima de tudo dos grandes  heróis da história, resistiram incólumes à passagem do tempo.