O VERDADEIRO, O BELO E O BOM

A qualidade do sistema educacional é, e será cada vez mais, fator determinante para o êxito de uma nação. Partindo dessa premissa, o psicólogo e educador Howard Gardner, reconhecido internacionalmente como o criador do revolucionário conceito de inteligências múltiplas, busca definir o que caracteriza uma educação de qualidade em qualquer parte do mundo. Em seu novo livro, "O VERDADEIRO, O BELO E O BOM", Gardner sintetiza cerca de 30 anos de pesquisa em ciências cognitivas e biológicas, e distingue três preocupações básicas que devem animar a educação: a verdade, a beleza e a moralidade. Como exemplo do domínio da verdade, Gardner focaliza a teoria da evolução, de Darwin aos cientistas que o sucederam nos últimos 150 anos. Segundo o autor, o entendimento das noções de espécie, variação, seleção natural e adaptação é fundamental para a compreensão do mundo a que pertencemos. Para ilustrar a beleza, ele escolheu a ópera "As Bodas de Fígaro", de Mozart, com sua complexa linguagem artística, suas personagens vívidas e emoções profundas. Para falar de moralidade, aborda o Holocausto, o sistemático genocídio dos judeus e de outros grupos pelos nazistas e fascistas durante a Segunda Guerra Mundial. Tais escolhas, como enfatiza Gardner, estão longe de serem as únicas possíveis. Servem-lhe, no entanto, para uma apaixonante discussão de um projeto de educação ideal. Pois embora considere também os temas instrumentais, como o lugar do computador e da Internet na educação, os currículos, modelos de escolas, entre vários outros, para ele a grande questão a ser enfrentada, na área educacional, é sua própria finalidade: a formação de seres humanos que entendam o mundo, que se nutram desse entendimento e que queiram - ardentemente - transformá-lo para melhor. Howard Gardner é professor adjunto de Neurologia na Boston School of Medicine e de Psicologia na Harvard University. Primeiro americano a receber o Prêmio Grawemeyer em educação, Gardner tornou-se conhecido pela sua teoria das inteligências múltiplas. Segundo sua tese, há pelo menos oito formas independentes de inteligência e cada pessoa apresenta um "perfil de inteligência" próprio.