Sinopse
"Uma das questões que mais me requisitam (...) é sobre a contemporaneidade da poesia, da urgência de uma poesia que responda ao mundo atual. A poesia de Michel Melamed é uma possibilidade de tal acontecimento." - Alberto Pucheu, poeta e professor de teoria literária da UFRJ
O livro Regurgitofagia nasceu como base para o espetáculo teatral de mesmo título que eletrizou o Rio de Janeiro no ano de 2004 durante nove meses de temporada. Ambos foram criados por Michel Melamed e inicialmente financiados por uma bolsa da RioArte. Tanto foi o sucesso, de crítica e público, que depois de rodar outras capitais do país, a peça começa o ano de 2005 com estréia de temporada em São Paulo seguida de noite de autógrafos no Sesc Belenzinho. Produzido originalmente pelo próprio autor, o livro se esgotou rápido e agora conquistou uma edição comercial da Objetiva revista por Melamed.
No espetáculo, o homem enrolado em fios sofre as reações da platéia através de uma máquina especialmente criada para a peça – assim, risadas, tosses, aplausos, se transformam em choques elétricos de 25 a 45 volts, que o autor/ator recebe continuamente, criando uma tensão permanente durante 50 minutos.
No livro, Michel mantém a "alta voltagem da liberdade das palavras, do pensamento e da vida, que todos desejamos e exigimos da poesia, ligada a um humor raras vezes conquistado por nossos poetas", como observou o professor de literatura Alberto Pucheu. Com um texto denso e preciso, Regurgitofagia surpreende e aprisiona o leitor, no seu emaranhado de colagens, bilhetes, propostas e idéias ruidosas. Prosa poética contemporânea, exibe levezas mas também protesta, com vigor, contra o mundo marqueteiro, a saturação da linguagem, o esgotamento das vanguardas. É lúdico, ao nos convidar a participar em jogos interativos, é livro de amor e, também, objeto das mais instigantes reflexões.
Regurgitofagia é uma palavra inventada com audácia e um livro que vibra como o sopro de juventude, contagia pela inquietação e faz do leitor autor, com seus jogos lúdicos e interativos, remetendo às experiências de arte como ato de vida. Ler este livro é partilhar um projeto inovador e poético, capaz de nos fazer refletir e olhar, olhar muito, para nos dar conta do que vamos engolir.
Regurgitar é estar repleto e, ao mesmo tempo, expelir o excedente. Michel Melamed dialoga com o modernismo e o tropicalismo, ao nos propor a regurgitofagia para vomitar o excesso, descoisificar o homem e acabar com a alta incidência de cárie mental, causada pelo consumo exagerado de enlatados americanos, novelas açucaradas e conceitos embutidos.
Sobre o autor
Pisciano, judeu, poeta e carioca, correntista do Itaú – assim Michel Melamed se apresenta com sua proverbial mistura de nonsense e humor. Apresentador e roteirista do programa Comentário Geral, da TVE e apresentador do programa Lembranças do Brasil, do Armazém 41/GNT, Melamed integrou o elenco do espetáculo Woyzek, o Brasileiro, e participou da criação do projeto CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética). Mesmo atuando em tantas frentes, como ator, roteirista, apresentador e poeta, Michel afirma ter um único fio a ligar todas as suas artes: a escrita:
"Eu escrevo. É minha função e objetivo, há muitos anos. A tábua de salvação para aplacar o desespero".
Da crítica
"Um texto vivo, ágil. Um libelo coerente e expressivo contra mistificações. Um aparente acesso de loucura que, como a suposta loucura de Hamlet, reporta-se continuamente à realidade".
Barbara Heliodora, O Globo
"A literatura de Melamed não tem nada de ingênua. Ela sabe o que diz, e diz de forma inequívoca. Seu livro remete ao espírito salutar da experimentação, de embate corporal com o fazer poético".
Renato Rezende, Jornal do Brasil
"Michel é filho adotivo da vanguarda, ou melhor, da ousadia dos que fazem das palavras algo elástico e vibrante".
Gerald Thomas, Folha de São Paulo