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SEL[VAGERIA]

Sel
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Sinopse
Romantismo plasmático. Suor, linfa. Mas com flores estendidas, pelas mãos do cavalheiro, à dama. Dama antiga, moderna. Não importa. É dúbia. Sempre rubra, sempre desejosa. E o cavalheiro mais ainda, de desflorá–la. A poesia de Sel é mesmo Selvagem. Com S maiúsculo. Porque justamente mescla amor cortês à crueldade do amor mundano. Amor de duas faces, três mil. Amor à humanidade (metamorfoseada em donzela?); ódio à raça humana. Ode à raça humana. O silêncio e o estrondo. A antiguidade grega e o asfalto contemporâneo, transformado em angústia corporificada, matéria na matéria. Uma combustão perfumada de lodo e excremento. É na doçura que a suavidade pode ser mais fétida e mais intensa. A mesma suavidade com que o feto se desenvolve ao longo de nove meses, construindo as camadas de pele, fazendo–se. Essa é a poesia, a textura de Sel, nascida do organismo por vezes inorgânico, maquinário kafkiano de possibilidades oníricas. Verborragia, às vezes. Substância fértil, noutras. É o próprio poder anarquista da palavra, alheio e atento, num só tempo, às (im)possibilidades da escrita e, por extensão, do homem. Homem esse que é tanto louco quanto à beira de, e tanto são quanto um eremita da caverna, esquizofrênico, imerso em restos arqueológicos do self; micro e macrocosmos. Na poesia de Sel as bocetas andam com as gardênias. E se há uma palavra, um verbete que a defina, que seja corpo, corpo–poema, corpo–autor, corpo–musa, corpo–corpo de tudo, da folha impressa; corpo–representação da vida, de todos os corpos que interagem e agem e des–agem, apenas contemplando. É, a escrita de Sel é e exige a pura contemplação, o estado catatônico, a letargia. E, que fique obscuro, não claro, que, antes de tudo, a poesia de Sel é uma per–poesia, é deslizante, escorregadia, percorre, performa, não chega, não vaza, não goza, antevê o gozo, é incompleta, bi, trifurcada, poesia–corpo–devir, como toda poesia tem de ser. A possibilidade do vômito, a anterressaca, o pré, o quase. Aberta ao cavalheiro outro, o leitor. Fazendo–se pudica. Como toda palavra, é sugestão. Proposta. Proposta de comunhão que não se realiza, o embrião in progress, já que o leitor também é convocado à cópula. Poesia manca, esquálida, concreta e vocabular–tradicional. A escrita–tecido de Sel é uma miscelânea: Medusa–sereia–Minerva–puta–santa. Como nas imagens, é mistura de corpos mutilados, palavras rompidas; é a espera. O cavalheiro espera a dama. A dama tem covinhas e sulcos, faz–se de inocente. Ela crê que o cavalheiro é galante e entrega–se, abrindo seus orifícios virginais. Ele se espanta, ao ver que da rachadura brotam baratas enormes, devoradoras de carne humana. A inocência aqui é um embuste. E o cavalheiro, um fingidor.Flora Sette

Categoria
Editora Urutau
ISBN-13 9788569433309
ISBN 8569433301
Edição 1 / 2016
Idioma Português
Páginas 108
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