SETE PALAVRAS

"Aos dez perdi meu pai, que era engenheiro da Confederação Hidrográfica do Ebro; aos quinze ingressei na Companhia de Jesus, em Loyola; aos vinte e quatro vim à Ã?ndia, onde graduei-me em Ciências Exatas na Universidade de Madrás, ordenei-me sacerdote em Puna e exerci a docência de matemática na Universidade de Ahmedabad até minha aposentadoria, aos sessenta anos. Identifiquei-me instintiva e fanaticamente com o espírito hindu, como se houvesse nascido às margens sagradas do rio Sabármati que banha minha cidade, depois de brotar invisivelmente, segundo a crença hindu, da confluência do Ganges e do Yamuna em trindade fluvial. Depois de tantos anos e de tanta distância, retomei o contato com a Espanha, que eu havia deixado no pós-guerra e no pré-concílio e que encontrei após a democracia, o que resultou para mim numa descoberta deslumbrante e afervorada de um país novo, em uma terra que eu julgava sabida e conhecida. Na Ã?ndia chamamos a isso de" viver duas vidas em uma ". Viajei, seguindo meus livros, por países sem conta e culturas sem fronteiras, e me encontro a poucos meses de completar meus setenta anos, com um broto de primavera interior que me sai por todos os lados e que senti impulsivo ao escrever este livro ". Carlos G. Vallés, SJ