TEMPO DE MIGRAR PARA O NORTE
Tayeb Salih
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Sinopse
"Este romance denso e evocativo, com lances da lírica árabe, narra as viagens e visões de Mustafa Said, dilacerado entre dois continentes. Trata-se de uma complexa sondagem na alma humana, que e também uma reflexão sobre o colonialismo britânico na Ã?frica e uma crítica implacável aos governantes do Sudão pós-colonial. Mustafa Said, órfao de pai, abandona a mãe e sua aldeia pobre no Sudão e parte, ainda jovem, primeiro, para o Cairo e, depois, para Londres, onde se destaca como um profissional brilhante, uma grande promessa para a Ã?frica. Mas o estranhamento da vida londrina, da visão dos britânicos sobre o continente africano e de sua própria condição de expatriado são fatores de instabilidade, revolta e decepção. Suas amantes o vêem como um ser exótico, em que o calor, o deserto, a pele do corpo e as feições do rosto formam uma coleção de estereótipos. A vingança do personagem será justamente contra essas mulheres, que ele seduz lançando mão do exotismo que elas tem em mente. Toda a violência do ato vingativo acaba se voltando contra ele próprio, num ritual que alterna o êxtase com a auto-expiação e a loucura. Depois de passar sete anos na prisão e vagar pelo mundo, Said regressa a uma aldeia do Sudão, onde se casa com uma nativa, trabalha na lavoura e encontra o narrador do romance. E esse narrador que, aos poucos, descobre e revela a trama de Mustafa Said, seus pensamentos e suas seduções diabólicas. E é também esse narrador que receberá o legado de Said, depois que este morre misteriosamente e deixa ao amigo a tutela de sua esposa, de seus filhos e de suas obras. Esse legado e assimilado pelo narrador como urn duplo fantasmagórico, a ponto de persegui-lo e atormentá-lo até os limites da loucura e da morte. Assim, o tempo de migrar e também o do impasse e o da dúvida: tempo de desespero, na medida em que o sonho da Europa torna-se um pesadelo, e a esperança ou a crença no futuro e banida do lugar de origem." - MILTON HATOUM