Sinopse
TEMPO ESPANHOL é um dos livros mais fortes de Murilo Mendes. Nele, estão alguns dos mais belos poemas do poeta mineiro, reeditados pela Editora Record, em virtude do centenário de seu nascimento. Assim como TEMPO ESPANHOL, as reedições de Poesia Liberdade, Poemas, A Idade do Serrote e Metamorfoses receberão um novo projeto gráfico e prefácios escritos por admiradores e estudiosos da obra de Murilo Mendes.
Publicado pela primeira vez em 1959 por uma editora portuguesa, TEMPO ESPANHOL é um momento peculiar da obra de Murilo Mendes. Dedicado ao seu sogro, historiador e amigo Jaime Cortesão, neste livro Murilo está profundamente envolvido com a arte e as belezas do mundo ibérico. O poeta escreve em seus versos a força e expressividade dos quadros de Picasso, Velásquez, Goya e Miró, assim como cita antigas tradições espanholas, romances cerventinos, poesias trovadorescas e paisagens de cidades da Espanha. O amor e admiração de Murilo Mendes pelo país foi tão grande e intenso que mereceu a criação desse livro.
TEMPO ESPANHOL foi publicado no Brasil ao mesmo tempo em que outros dois livros de sua autoria: Poesias e Siciliana, lançados respectivamente no Brasil e na Itália. Na época de sua publicação, o Brasil passava por diversas mudanças e reavaliações estruturais - foi quando Carlos Drummond de Andrade publicou Claro Enigma (1951) e João Cabral de Melo Neto Quaderna - como explica o prefaciador do livro, Júlio Castañon Guimarães. Na mesma época da publicação de TEMPO ESPANHOL, Murilo Mendes se mudava para a Itália e a temática de sua poesia ganha um novo espaço.
Segundo Guimarães, "em um poema de Tempo espanhol, "O dia do Escorial", encontra-se um verso que é emblemático da poética muriliana nesse período".
Diz o verso:
"O espaço o espaço o espaço aberto"
Júlio Castañon Guimarães ressalta que "a ênfase no espaço indica o âmbito do olhar do poeta, voltado para uma realidade física; em seguida, a disposição gráfica como a palavra "espaço" se repete três vezes, com grandes intervalos espaciais entre cada repetição, constitui a concreção no corpo do poema da amplitude espacial a que ele quer se referir".
TEMPO ESPANHOL reúne características diversas da poesia de Murilo Mendes, como a rebeldia, a religiosidade, o inconformismo, a criatividade e a sensibilidade retratadas nesses relato de admiração e carinho pela Espanha.
Murilo Mendes nasceu a 13 de maio de1901, em Juiz de Fora, Minas Gerais. A obra do poeta mineiro é permeada de fatos e personagens da época em que viveu. Aos 9 anos presenciou a passagem do cometa Halley, o que considerou uma inspiração poética. Aos 16 fugiu do Colégio Interno Santa Rosa, em Niterói para assistir apresentações dos Balés Russos de Sergei Diaghilev, no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro. Sempre manifestando seu espírito contestador, o poeta foi amigo de Ismael Nery e Jorge de Lima, conheceu René Magrite e experimentou as mais variadas formas de expressão lírica, passando pelo surrealismo e pelo concretismo, ora elogiando, ora satirizando. Murilo Mendes é enfim, um dos mais importantes e significativos poetas modernistas brasileiros, tendo várias de suas obras traduzidas para o italiano, o francês e o espanhol. Morreu no dia 13 de agosto de 1975, em Lisboa, tendo vindo ao Brasil pela última vez em 1972, o mesmo ano em que foi agraciado com o prêmio Etna-Taormina, o maior concedido a um poeta na Itália.